Em entrevista polêmica nesta sexta-feira (17) ao programa Fox Sports Rádio, o ex-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, fez duras críticas ao comportamento do Flamengo em insistir o retorno das atividades e do futebol carioca. De acordo com o dirigente, o clube Rubro-negro teria pedido ao governador Wilson Witzel uma autorização para voltar aos treinamentos.
“O Flamengo viveu uma tragédia no ano passado. Não deveria nem colocar isso em debate. Nós estamos falando de vidas humanas, de garotos. Tive a oportunidade de dar um exemplo. Um universitário, que está em quarentena, com a faculdade fechada, está em casa. Porque um atleta é obrigado a ir a um treinamento, é obrigado a jogar, aí depois ele volta para a casa e pode trazer o vírus para a mão, para a vó. Qual a diferença entre universitários e atletas? Acho que não devemos sequer pensar em protocolos. Por mais que exista qualquer tipo de proteção, as pessoas que saírem do treino vão pegar um ônibus, vão ter contato com as outras pessoas. O Autuori, nosso treinador, tem 62 anos e está no grupo de risco. Porque o futebol é diferente do restante do mundo? Não consigo entender isso. A hora que o Ministério da Saúde disser que pode sair de casa, aí podemos sair. Quando as universidades voltarem, aí poderemos voltar. Se serão 15, 20, 40 dias, vamos ver depois. Temos que nos preocupar com a saúde. O Flamengo, que vive uma grande fase e teve um grande drama em 2019, deveria ser o primeiro a se preocupar com isso. Tem que ser grande dentro e fora de campo. Hoje em dia é uma grandeza é se preocupar com a saúde do brasileiro e não com o futebol”, disse o dirigente do clube carioca.
Montenegro também deixou claro que o Glorioso não retornará a campo até que exista uma ordem por parte do Ministério da Saúde em relação a uma normalidade da pandemia do COVID-19. O Botafogo ampliou recentemente o período de férias aos atletas e ao departamento de futebol do clube carioca até o dia 30 de abril.
“Eu acho que essa doença, essa pandemia, pegou todo mundo de surpresa. A gente não sabe o fim disso, isso faz com que todos fiquem agoniados. O que não entendo é a irresponsabilidade forçar um reinício, sei que os clubes de menor investimento deixaram de receber a última cota de televisão, têm contratos que iriam só até abril, mas que o Brasil, numa hora que está preocupado, confinado, ficar falando de reuniões de federação de futebol eu acho um absurdo. O Flamengo está forçando uma barra, o governador chega a autorizar a prisão se alguém sair, o do Rio quer colocar um drone para tomar conta e que não hajam aglomerações. Como você fica preocupado com o campeonato de São Paulo ou o do Rio? Você tem uma Olimpíada adiada, eventos centenários como Wimbledon e Roland Garros cancelados, a NBA parada, a Fórmula 1 parada. Para quê ter esse nervosismo para voltarem os campeonatos?”, finalizou Montenegro.